O DIA NACIONAL DA BIBLIOTECA
Marcus Victor Siqueira Josuá Gomes
Graduado em Biblioteconomia e mestrando em Ciência da Informação pelo PPGCI/UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa: Estudos Críticos em Biblioteconomia e Ciência da Informação (ECBCI/UFRN). Bibliotecário do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN).
“A história da biblioteca é a história do registro da informação, sendo impossível destacá-la de um conjunto amplo: a própria história do homem”
(Milanesi, 1983, p. 16)
No dia 9 de abril se comemora o Dia Nacional da Biblioteca, em razão do Decreto n.º 84.631 de 9 de abril de 1980, que foi responsável por consagrar a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca no mês de outubro, assinado pelo então presidente João Figueiredo. O dia 9 de abril, data do decreto, passou tradicionalmente a ser comemorado como o Dia Nacional da Biblioteca. A importante data reflete um momento de celebração e reverência a esses espaços, que são, sobretudo, responsáveis pela democratização do acesso à informação. Bem como, na construção do pensamento crítico dos sujeitos, uma vez que ao se apropriar do conhecimento os indivíduos provocam, em sua realidade, transformações humanas, culturais, sociais. No Brasil, o primeiro curso de Biblioteconomia surge em 1911, criado pela Biblioteca Nacional, tendo iniciado oficialmente em 10 de abril de 1915. Outro importante marco histórico de regulamentação das bibliotecas e do bibliotecário foi a Lei 4.084/1962, que dispõe sobre a profissão de bibliotecário e regula seu exercício.
É importante ressaltar que na chamada sociedade da “pós-verdade” (ou o que alguns autores chamam de “infodemia”), em que se arrefece cada vez mais a checagem das informações e se promove a disseminação de desinformação e fake news, as bibliotecas e os bibliotecários são fundamentais no combate dessas práticas, pois promovem reflexão e uso crítico das informações em qualquer ambiente, os pesquisadores Edmir Perrotti e Ivete Pieruccini acreditam que o antídoto a esse nova realidade está no que chamam de Infoeducação (Perrotti; Pieruccini, 2007), isto é, uma prática biblioteconômica que “pretende ser reflexiva e compromissada com a formação de seres autônomos, críticos e criativos [...], que lhes permite escolher posições e relações a serem estabelecidas com a ‘era da informação’” (Perrotti, 2017, p. 16). Segundo o pesquisador e professor Oswaldo de Almeida Júnior (2016), o objeto da Biblioteconomia é a mediação da informação, portanto, cabe às bibliotecas o papel de não somente guardar e organizar o material bibliográfico, mas também, disseminar, interagir, criar, refletir. O autor e acadêmico mexicano Felipe Meneses-Tello contribui teoricamente no mesmo sentido em que pensa Oswaldo de Almeida Júnior, ao dizer que: “em geral, o objetivo das instituições bibliotecárias é superar o seu estado monolítico para se tornarem bibliotecas multiculturais. Instituições que promovem a justiça social e o respeito pelos direitos humanos” (Meneses-Tello; Tanus, 2023, p. 6). A partir das falas dos experientes pesquisadores, podemos, então, situar a toda comunidade os desafios da Biblioteconomia diante da nossa atual sociedade.
Desse modo, a Biblioteca Peregrino Júnior, que pertence à Casa da Memória, tem como prioridade a preservação do acervo bibliográfico e arquivo, bem como a disseminação desse material para o acesso público. A nossa biblioteca passou um período fechada e, a partir de 2017 foi reativada, havendo nos anos seguintes a contratação de bibliotecários, o que contribuiu bastante para um eficiente trabalho no que diz respeito à guarda, preservação e organização de todo material informacional e histórico. O nosso acervo tem sido organizado e classificado de acordo com a Classificação Decimal Universal (CDU) – um conjunto de normas e regras reconhecidas internacionalmente que auxiliam bibliotecários e documentalistas a organizar o material da forma mais ordenada possível. Contamos com um rico e extenso acervo, são obras raras, de referências (dicionários, enciclopédia, anuários, bibliografias, índices, atlas) e obras de autores do Rio Grande do Norte.
A biblioteca recebe o nome de Peregrino Júnior, médico, jornalista, escritor e acadêmico, no intuito de homenageá-lo, tanto por sua trajetória de vida, quanto por ter sido um dos principais doadores de livros à instituição, contribuindo na formação de coleção e acervo. A Biblioteca Peregrino Júnior funciona no turno matutino, das 7h às 13h, temos atendido sócios, pesquisadores, estudantes e público em geral. Desenvolvemos diariamente o trabalho técnico da biblioteca, como a digitalização de materiais bibliográficos, classificação, catalogação e organização do acervo e a conservação de materiais (reparos em livros danificados). Nosso corpo técnico de funcionários conta com três bibliotecários.
Disponham!
REFERÊNCIAS
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