09/04/2025

O DIA NACIONAL DA BIBLIOTECA



 O DIA NACIONAL DA BIBLIOTECA



Marcus Victor Siqueira Josuá Gomes

Graduado em Biblioteconomia e mestrando em Ciência da Informação pelo PPGCI/UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa: Estudos Críticos em Biblioteconomia e Ciência da Informação (ECBCI/UFRN). Bibliotecário do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN).



“A história da biblioteca é a história do registro da informação, sendo impossível destacá-la de um conjunto amplo: a própria história do homem” 

(Milanesi, 1983, p. 16)


No dia 9 de abril se comemora o Dia Nacional da Biblioteca, em razão do Decreto n.º 84.631 de 9 de abril de 1980, que foi responsável por consagrar a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca no mês de outubro, assinado pelo então presidente João Figueiredo. O dia 9 de abril, data do decreto, passou tradicionalmente a ser comemorado como o Dia Nacional da Biblioteca. A importante data reflete um momento de celebração e reverência a esses espaços, que são, sobretudo, responsáveis pela democratização do acesso à informação. Bem como, na construção do pensamento crítico dos sujeitos, uma vez que ao se apropriar do conhecimento os indivíduos provocam, em sua realidade, transformações humanas, culturais, sociais. No Brasil, o primeiro curso de Biblioteconomia surge em 1911, criado pela Biblioteca Nacional, tendo iniciado oficialmente em 10 de abril de 1915. Outro importante marco histórico de regulamentação das bibliotecas e do bibliotecário foi a Lei 4.084/1962, que dispõe sobre a profissão de bibliotecário e regula seu exercício. 

É importante ressaltar que na chamada sociedade da “pós-verdade” (ou o que alguns autores chamam de “infodemia”), em que se arrefece cada vez mais a checagem das informações e se promove a disseminação de desinformação e fake news, as bibliotecas e os bibliotecários são fundamentais no combate dessas práticas, pois promovem reflexão e uso crítico das informações em qualquer ambiente, os pesquisadores Edmir Perrotti e Ivete Pieruccini acreditam que o antídoto a esse nova realidade está no que chamam de Infoeducação (Perrotti; Pieruccini, 2007), isto é,  uma prática biblioteconômica que “pretende   ser   reflexiva   e   compromissada   com  a formação  de  seres  autônomos,  críticos  e  criativos [...], que  lhes  permite  escolher  posições  e  relações  a  serem estabelecidas  com a ‘era da informação’” (Perrotti, 2017, p. 16). Segundo o pesquisador e professor Oswaldo de Almeida Júnior (2016), o objeto da Biblioteconomia é a mediação da informação, portanto, cabe às bibliotecas o papel de não somente guardar e organizar o material bibliográfico, mas também, disseminar, interagir, criar, refletir. O autor e acadêmico mexicano Felipe Meneses-Tello contribui teoricamente no mesmo sentido em que pensa Oswaldo de Almeida Júnior, ao dizer que: “em  geral,  o  objetivo  das  instituições bibliotecárias é superar o seu estado monolítico para se tornarem bibliotecas multiculturais. Instituições  que  promovem  a  justiça  social  e  o  respeito  pelos  direitos  humanos” (Meneses-Tello; Tanus, 2023, p. 6). A partir das falas dos experientes pesquisadores, podemos, então, situar a toda comunidade os desafios da Biblioteconomia diante da nossa atual sociedade.

Desse modo, a Biblioteca Peregrino Júnior, que pertence à Casa da Memória, tem como prioridade a preservação do acervo bibliográfico e arquivo, bem como a disseminação desse material para o acesso público. A nossa biblioteca passou um período fechada e, a partir de 2017 foi reativada, havendo nos anos seguintes a contratação de bibliotecários, o que contribuiu bastante para um eficiente trabalho no que diz respeito à guarda, preservação e organização de todo material informacional e histórico. O nosso acervo tem sido organizado e classificado de acordo com a Classificação Decimal Universal (CDU) – um conjunto de normas e regras reconhecidas internacionalmente que auxiliam bibliotecários e documentalistas a organizar o material da forma mais ordenada possível. Contamos com um rico e extenso acervo, são obras raras, de referências (dicionários, enciclopédia, anuários, bibliografias, índices, atlas) e obras de autores do Rio Grande do Norte. 

A biblioteca recebe o nome de Peregrino Júnior, médico, jornalista, escritor e acadêmico, no intuito de homenageá-lo, tanto por sua trajetória de vida, quanto por ter sido um dos principais doadores de livros à instituição, contribuindo na formação de coleção e acervo. A Biblioteca Peregrino Júnior funciona no turno matutino, das 7h às 13h, temos atendido sócios, pesquisadores, estudantes e público em geral. Desenvolvemos diariamente o trabalho técnico da biblioteca, como a digitalização de materiais bibliográficos, classificação, catalogação e organização do acervo e a conservação de materiais (reparos em livros danificados). Nosso corpo técnico de funcionários conta com três bibliotecários. 

Disponham!


REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Marco Antonio de. Oswaldo Francisco de Almeida Júnior. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, Ribeirão Preto, Brasil, v. 7, n. 1, p. 201–217, 2016. DOI: 10.11606/issn.2178-2075.v7i1p201-217. Disponível em: https://revistas.usp.br/incid/article/view/113824.. Acesso em: 9 abr. 2025. MENESES-TELLO, F.; TANUS, G. F. de S. C. Biblioteconomia social e práticas sociais em bibliotecas e salas de aula: entrevista com o bibliotecário e professor Felipe Meneses-Tello. Revista Informação na Sociedade Contemporânea, [s. l.], v. 7, n. 1, p. e34238, 2023. DOI: 10.21680/2447-0198.2023v7n1ID34238. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/informacao/article/view/34238. Acesso em: 10 abr. 2025. MILANESI, Luis. O que é biblioteca? São Paulo: Brasiliense, 1983. PERROTTI, Edmir. Infoeducação: um passo além científico-profissional. Informação@Profissões, [s. l.], v. 5, n. 2, p. 05–31, 2017. DOI: 10.5433/2317-4390.2016v5n2p05. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/infoprof/article/view/28314. Acesso em: 9 abr. 2025. PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. Infoeducação: saberes e fazeres da contemporaneidade. In: LARA, M. L. G.; FUGINO, A.; NORONHA, D.P. Informação e contemporaneidade: perspectivas. Recife: Néctar, 2007. p.46-95. Disponível em: https://www.eca.usp.br/acervo/producao-academica/001826107.pdf. Acesso em: 13 maio 2023.

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