No dia de hoje o IHGRN recebeu a ilustre visita da Professora Betânia Ramalho, ex-Secretária de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Norte, que fez doação de exemplares da obra do Professor Paulo Freire. Foi recepcionada pelo Presidente Ormuz, Vice-Presidente Roberto Lima e Diretores Caludionor Barbalho e Augusto Coêlho Leal.
03/11/2016
02/11/2016
VALEU A PENA, A
ALMA NÃO FOI PEQUENA
Valério Mesquita*
Semana
passada fui me reencontrar com os meus pais em Macaíba. Não , apenas,
no velho cemitério de São Miguel na praça da Saudade. Mas, principalmente, na
residência antiga da rua Francisco da Cruz, 39, hoje, Casa da Cultura “Nair de
Andrade Mesquita”. Visitei-a com os meus filhos. Naquela manhã, constatei que o
passado não morre. Ele persiste em cada ambiente, em pessoas que revi e ruas
que cruzei. Os seus netos não o conheceram em vida. Enquanto visitavam
os compartimentos, quedei-me em reflexões sobre a vida pública, percebi que
guerreiros são pessoas tão fortes, quanto frágeis. Com toda carga política do
seu tempo sobre os ombros, no fundo do peito era um menino nos momentos de
remanso e de turbulência. O sonho perfeito que sonhou para Macaíba
consubstanciou-se, certa vez, no amor que dedicou a uma ave presenteada por
amigo e que passou a criá-la ali no jardim.
Era
uma asa branca que obedecia a sua voz. Inexprimível emoção sentia ao chamá-la,
sentado na sala de visita para lhe oferecer alpiste. Longe se ser um fato
superficial, aquilo se revestia na busca do silêncio e da serenidade. Nada além
do que desejava sentir e sofrer. O pequeno animal lhe arrancava uma luz
especial que refletia sobre o homem político que enfrentava lá fora o
imensurável e o irracional. Alimentá-la e acariciá-la significavam a gratuidade
e a correspondência confortadora de gestos que não achava, algumas vezes, no
trato político com os humanos.
Numa
tarde que caía devagar, voltava de sua granja nos arredores de Macaíba. A pé,
cigarro à boca (que tanto lhe fez mal), deparou-se no jardim com a tragédia
devastadora e o rigor do susto: a asa branca despedaçada, jazia no pedestal da
estátua Minerva. Um gato cruel e sorrateiro fora o protagonista do “avicídio”. Essa
dor, despontou como uma ferida desaguando no sofrimento que definiu nele –
contraditoriamente - a beleza do seu sentimento.
Deduzi
naquela manhã de novembro, que um guerreiro também chora. De outra feita, na
última batalha que travou, enfrentando o poder e a riqueza dos adversários,
mas, sem dinheiro e sem bens para custear a campanha, foi visto chorando no
quintal da casa de um compadre gravemente enfermo. Alfredo Mesquita havia constatado
que não dispunha de recursos para salvá-lo. Manoel Dantas de Medeiros e Pedro
Luiz de Araújo (ainda vivos), testemunharam aquele momento insuportável de
aflição e indigência. Quero afirmar que a tristeza da vida pública de qualquer
um não termina com a morte ou com o pretenso fracasso eleitoral. A síntese da
vida que prevalece é a dimensão do amor à terra e as imagens nítidas que não se
esgotam, tanto nos relatos das vozes que ecoam, como nos olhos úmidos das revelações
repentinas. Dele nos sobrou o exemplo. O empobrecimento paulatino de sabê-lo
livre e isento. Modelo que muitos não conseguiram no universo político de
escolhas: a capacidade de ser honesto.
Por
isso, sobre ele, ouso afirmar, que apesar de tudo, doou-se para ser feliz. A
firmeza do seu temperamento e das atitudes assumidas, muitas vezes,
ocasionaram-lhe danos e perdas políticas e patrimoniais. Viveu mais na oposição
do que na situação. Em 1950, para o governo do estado ficou com Manoel Varela
que perdeu para Dix-Sept; em 1955 apoiou Jocelin Vilar derrotado por Dinarte
Mariz; em 1960 acompanhou Djalma Marinho vencido por Aluizio; e em 1965,
permaneceu com Dinarte suplantado por Walfredo Gurgel. São raríssimos no Rio
Grande do Norte os políticos que tiveram a coragem imutável de sobreviver a
tantas adversidades políticas. O sofrimento, sangrava mas não se curvava ao
governo. O sonho mais que perfeito foi Macaíba. Nasceu, viveu e está sepultado
lá, ao lado de sua companheira de toda a vida Nair de Andrade Mesquita, no
túmulo dos seus pais, com os irmãos Paulo Mesquita e Amélia Násia Mesquita
Meira, além do filho Carlos Mesquita. “Tudo vale a pena quando a alma não é
pequena”. A frase de Fernando Pessoa imprime não a lápide fria no campo dos
mortos mas a memória viva da história política de Macaíba construída com
grandeza de caráter. Por isso o relembro no tempo e no espaço, onde hoje
residiu. Homenageio Alfredo Mesquita Filho e Nair de Andrade Mesquita, na
passagem ligeira do dia de finados. Câmara Cascudo disse, imerso nas brumas de
sua longevidade que “era uma saudade em vida agarrada ao sonho de continuar a
viver”. Não há força mais dramática na vida do ser humano do que a do senso
trágico da sua própria brevidade. Daí, como heróis anônimos, ao longo do tempo,
se tornaram referência dentro da história política e social do município. Como
filho, revivo e revejo as recordações limpas e as ilusões legítimas que um dia
viajaram com eles.
(*) Escritor.
01/11/2016
|
28/10/2016
![]() |
| |||
|
27/10/2016
DIA 27 MACAÍBA
139 ANOS
Valério
Mesquita*
O ponto alto das comemorações dos 139 anos da emancipação
política e administrativa de Macaíba continua sendo o bicentenário de nascimento
do seu fundador Fabrício Gomes Pedroza, cujas cinzas foram trasladadas do Rio
de Janeiro para a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição. O vinte e sete
de outubro de 1877, pela lei nº 801, Macaíba – que antes se chamava Coité –
desmembrou-se de São Gonçalo. Aí amplia-se o período de esplendor comercial do
porto de Guarapes que irradiou energia econômica a todos os quadrantes.
Monopolizou o sal para o sertão, incentivou a indústria açucareira do vale do
Ceará-Mirim, financiou a produção adquirindo as safras das fazendas de algodão,
cereais, couros e peles. Fundou a “Casa dos Guarapes” e do alto da colina
comandou o seu mundo de transbordamentos, onde tudo era rumor, vida, agitação,
atividade.
É nesse vácuo de duzentos anos que reside a minha perplexidade.
Um silêncio dominado pelo abandono e a indiferença. Ninguém coloca em cena a
coragem de contemplar restituído o universo oculto de Fabrício que fez brilhar
o nome de Macaíba dentro e fora do Rio Grande do Norte, na segunda metade do
século dezenove. Não bastam, apenas, reprisá-lo com lendas e narrativas, como
tivesse sido um mundo de ficção. Melhor que a dispersão da palavra solta é
ouvir o eco de suas paredes reerguidas, das vozes trazidas pelo vento das vidas
que não se pulverizaram mas renasceram pelas mãos das novas gerações. Esse
universo semidesaparecido, clamo por ele, aqui e agora, afirmando que a melhor
imagem de um homem, após a morte, não são as cinzas, mas a obra que legou à
posteridade, revivida e restaurada como reconfortante e fiel fotografia de sua
história e vida.
Como guerreiro solitário, luto há mais de quinze
anos pela restauração dos escombros do empório dos Guarapes. Como membro,
àquela época, do Conselho Estadual de Cultura do Estado, consegui o tombamento.
De imediato, no desempenho do mandato parlamentar obtive do governo a
desapropriação da área adjacente. Batalhei, em alto e bom som, junto aos
gestores públicos a elaboração do projeto arquitetônico, que, até hoje, dormita
em armário sonolento da burocracia. Foi uma agitação, apenas, que não se moveu
nem comoveu. Saí dos movimentos da superfície oficial, para as janelas da
imprensa e outras vozes, em coro uníssono, oraram comigo pelas ruínas da mais
reluzente história da economia do Rio Grande do Norte: os Guarapes. Todo esse conjunto
de verdades fixas foi ilusão imaginar que a lucidez jamais se disfarçaria em
surdez. Como enfrentei e venci no passado, partindo de perspectivas débeis e
precárias, óbices quase intransponíveis para a restauração das ruínas do Solar
do Ferreiro Torto e da Capela de Cunhaú, sinto que não perdi os laços entre a
fragmentação do sonho e a fé incondicional no meu pragmatismo, de que tudo, até
aqui, nada foi em vão.
Reproduzir a realidade, tal que se imagina
que fosse, o burburinho comercial e empresarial daquele tempo de Fabrício,
faz-nos refletir e aprender para ensinar aos jovens de hoje através de
exemplos, imagens e ritmos, a saga de que vultos como o dele iniciaram uma
figuração, nova, nítida e luminosa, pouco tempo depois, numa Macaíba que
começava a nascer com Auta de Souza, Henrique Castriciano, Tavares de Lyra,
Augusto Severo, Alberto Maranhão, João Chaves, Octacílio Alecrim e outros que
construíram em modelos de vidas o prestigio da terra natal – que não se
evapora, nem se desmancha. Essa realidade para mim é tensa e inquieta, porque
cabe hoje revivê-la em todos nós. É imperioso que os nossos governantes tracem
esboços para uma saída, uma superação, criando-se fendas e passagens, para
juntos, todos, respirarmos o oxigênio da convivência com os nossos
antepassados. Se todos nós pensarmos assim, com cada palavra significando
labareda, lampejo, no centésimo trigésimo nono aniversário, derrubem, pois, os
obstáculos que impedem as luzes da memória dos Guarapes refletirem sobre a
posteridade. Se assim não agirmos tudo será cinzas.
Até hoje, o que foi feito: a) Projeto
técnico de restauração está numa UTI da Fundação José Augusto; b) O Ministério
do Turismo destinou quase hum milhão de reais para a largada; c) É preciso que
esse projeto chegue em Brasília dentro do prazo além da contrapartida do Estado;
d) Que nos Guarapes se erga o Museu do Comércio do Rio Grande do Norte. Viva o
27 de outubro!
(*) Escritor.
26/10/2016
DIA 27 DE OUTUBRO (QUINTA-FEIRA)
A ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE - ALEJURN, CONVIDA TODOS OS SEUS MEMBROS TITULARES, A CLASSE JURÍDICA DO ESTADO, OS AMIGOS E FAMILIARES DO PRANTEADO ACADÊMICO FRANCISCO FAUSTO, PARA ASSISTIREM A SOLENIDADE DO SEU NECROLÓGIO, A OCORRER NA SEDE DA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO, HORÁRIO 10 HORAS, TENDO COMO ORADOR ESPECIAL O ACADÊMICO VALÉRIO MARINHO.
Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte - ALEJURN
Fone: (84) 3232-2890 - Natal/RN
e-mail: alejurn2007@gmail.com
Assinar:
Postagens (Atom)