15/03/2018
DOM NIVALDO MONTE - 100 ANOS
Centenário D.Nivaldo Monte– 15.03.2018 a 15.03.2019 23.02.2018
00 - Reunião Arquidiocese/Dom Jaime - Apresentação do DVD/Texto – Setembro/2017 - Informes 100 anos – Grupo Familiar - Subsídios - Instituições envolvidas - Articulações - Missa Solene 15.03.2018
01- Organização 1.1 Grupo Familiar Roberto, Oswaldo, Múcio, Cristina, Nita, Biaggio, Bela e Gabriel +
02 - Instituições Envolvidas 2.1 Arquidiocese de Natal Missa Solene 15.03, as 19:00 2.2 Academia Norte-Riograndense de Letra Diógenes 2.3 Instituto Histórico e Geográfico do RN 2.4 Fundação José Augusto Iaperi Araújo 2.5 Assembléia Legislativa RN 2.6 Câmara Municipal de Natal 2.7 Senado Federal Senadora Fátima Bezerra
03 - Atos/Solenidades 3.1 Sessão Solene Senado Federal Confirmado 3.2 Sessão Solene Assembléia Legislativa 3.3 Sessão Solene Câmara Municipal de Natal Contato Franklin Capistrano 3.4 Academia Norte-Riograndence de Letras Contato Diógenes/Lalinha/Leide 3.5 Instituto Histórico e Geográfico do RN Contato Roberto Lima+Carlos Gomes
04 - Exposições e Subsídios 4.1 DVD Multimídia Dom Nivaldo Monte, A Terra, A Natureza Ver Lançamento 4.2 História em Quadrinhos/HQ– Emanoel Amaral/Fundação José Augusto 4.3 Exposição na Pinacoteca do Estado/Banners – FJA 4.4 Exposição Permanente no Parque da Cidade – PMN Luciano 4.6 HQ/Cordel/Múcio Concluído 4.7 Música em Homenagem 100 Anos Roberto Lima 4.8 Home-Page D.Nivaldo Monte www.dhnet.org.br/nivaldomonte Concluído 4.9 HQ/Divulgação Emanoel Amaral – Missas, Solenidades, Parque da Cidade...
03 - Articulações/Apoio 3.1 Tribuna do Norte – Entrevista, Edição 25.03 – Carlos Peixoto/Yuno 3.2 Revista A Ordem Entrevista,Carla 3.3 Canindé Soares+Henrique José, Fotos 3.4 Gabriel Exposição Virtual Computação Gráfica 3.5 Diógenes da Cunha Lima+ Contato Set./2017
04 - Textos, Depoimentos Serão publicados na TN Padres Pio, João Medeiros, Lucas, Fábio... Irmãs Vilma Lúcia, Carla... Amigos/Amigas Roberto Lima, Gomes, Mousinho,
05 - Escanear toda Bibliografia – Ninio passou para Vaudinho 5.1 Ebook, Internet, Redes Sociais Similar ao que fizemos com o Imão/Padre Monte
14/03/2018
MEU GRITO
Valério Mesquita*
De anotações feitas à hora do crepúsculo em livros idos e vividos, pincei uma frase que me remete ao delírio das coisas de querer ter sido e não fui: “eu que tantos homens fui, não fui aquele em cujos braços desfalecia Matilde Ubach”. Pensamentos fluidos, na verdade, de reencarnações em lugares e tempos, sonhos e fugas do real ou transposições de corpo e espírito para lugares onde nunca naveguei, muito além da ponte de Igapó.
Ter sido, por exemplo, acompanhante
do Cristo nas peregrinações e presenciado seus milagres para não me dividir
hoje, nos conflitos das igrejas do mundo; gostaria de ter sido expectador do
teatro shakespeareano e tê-lo conhecido de perto e acompanhado todos os seus
porres nas tabernas escuras da Londres elizabetana; como amaria a passagem
pelos estúdios de cinema dos anos trinta e quarenta só para ver Charles
Chaplin, Stan Laurel e Oliver Hardy; ter aspirado o odor do charuto de Getúlio
Vargas e escutado em dó maior a gargalhada prazenteira; ou como figurante dos
filmes de John Ford, viajado nas diligencias do tempo pelas pradarias do oeste;
de Juscelino a companhia e as conversas dele com o que havia de melhor no PSD
naquela época: Israel Pinheiro, Amaral Peixoto, José Maria Alkamim, Benedito
Valadares, Tancredo Neves; ou de um polo para outro, muito me ufanaria haver
morado no Rio de Janeiro só para ouvir os discursos do bruxo Carlos Lacerda e
acompanhar as suas ações como governador com “m” maiúsculo do Estado da
Guanabara; eu, que tantos homens fui, não fui aquele que conviveu mais tempo
com Câmara Cascudo, pois considero privilegiados os que receberam essa oblação;
quantas vezes não me vi nos shows dos Beatles e como “macaco de auditório”, no
começo do yê-yê-yê, no programa Jovem Guarda das tardes de domingo; e quanto
fascínio não exercem sobre mim as cidades interioranas da Paraíba, Pernambuco,
Ceará, Minas, Bahia, das moças namoradeiras, das praças, dos olhares furtivos
como se eu quisesse, de repente, paquerá-las todas ou me compensar, ao menos,
em contemplá-las lindas e infinitas, renascidas de minhas ilusões de
adolescente.
Ah! Como esse mundo de hoje dói.
Não há mais ídolos. A violência urbana e a guerra mataram os sonhos e as
ilusões castas dos nossos pensamentos. É um mundo de aparências, de vaidades e
iniquidades. “Olhe, aquele ali é Machado de Assis e com ele Eça de Queiroz!”.
Faltou-me alguém que apontasse,
naquele tempo, essa visão dos dois monstros insuperáveis da literatura
luso-brasileira; e se o sonho triunfar sobre a verdade, posso dizer nesse final
que assisti Padre João Maria sarar os enfermos; preguei com Frei Damião na
noite litúrgica e estrelada de Macaíba; que vi subir o balão de Augusto Severo
e que assisti o último suspiro de Auta de Souza.
E se o leitor me acreditar, conheci
Lincoln na guerra da Secessão; vi Roosevelt, Getúlio Vargas, Tyronne e Evita na
Ribeira de guerra. Se todas essas reflexões são febris ou inverossímeis, é
preferível crê-las e esquecer as bestas do apocalipse: Donald Trump, Kim
Jong-un da Coreia do Norte, Bashar Al-Assad da Síria, cujas imagens
na televisão sujam de sangue as nossas esperanças por um mundo de paz.
As águas do rio da reminiscência
atingem novas margens e aprofundam o porão da memória. O Cine Teatro
Independência de Macaíba dos filmes do Gordo e o Magro, dos Três Patetas, de
Abott e Castelo além dos faroestes que não se repetem mais; a praça Antônio de
Melo Siqueira dos primeiros alumbramentos, dos passeios, do banco do namoro, do
coreto, tudo como qualquer lembrança de homem comum do interior; a rua do
Vintém, do Cajueiro, as Cinco Bocas, a praça da Matriz, o cais de pedra do rio
Jundiaí, as jabuticabeiras da Lagoa das Pedras, o Pernambuquinho; o Gango (o
baixo meretrício), de todas proibições à hora do crepúsculo; os antigos ônibus
da linha Macaíba/Natal que me consumia diariamente a farda estudantil;
enfim, o universo humano das figuras populares, coração e alma de Macaíba
que não para nunca.
Na noite de minha vida ainda
assisto, com nitidez, à passagem do meu rio porque eu continuo a ser os meus
personagens prediletos.
(*) Escritor.
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RELATÓRIO PARTICIPAÇÃO NO VI CONGRESSO NORDESTINO DE INSTITUTOS HISTÓRICOS Recife/PE, 5 a 7 de março de 2018. Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN Representante: Gustavo Sobral, Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN.
1.O evento: relato, apresentações e resultados Aconteceu em Recife/PE, promovido pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP), o VI Congresso de Institutos dentre as atividades comemorativas do bicentenário da Revolução de 1817. Na ocasião, também foi realizado o encontro dos institutos históricos municipais de Pernambuco. A abertura aconteceu na sede do IAHGP, na rua do Hospício, no dia 05, à noite, com conferências do presidente do IHGB, Arno Welhing e do professor Vamireh Chacon sobre a revolução. Nos dias seguintes, no auditório do Forte das Cinco Pontas, apresentação de painéis dos institutos estaduais e municipais, ocasião em que apresentamos a fala “A viagem do elefante”, em anexo, que pode também ser acessada em http://www.gustavosobral.com.br/noticia.php?id=184&leia=A-viagem-do-elefante . Durante o evento, foi concedida aos institutos a medalha alusiva aos 150 anos do IAHGP, que será integre ao nosso acervo de medalhas em exposição. Ao final, por proposição do representante do nosso instituto e da representante do instituto de Alagoas, a professora Clara Suassuna, foi proposto a redação de documento final de intenções e de uma carta aberta que redigi a ser encaminhada aos participantes para anuência (também em anexo). Acompanha ainda este documento, material impresso correspondente a programação do evento, os materiais de divulgação e contatos dos participantes.
2.As experiências viáveis dos outros institutos Do relato de experiências dos demais institutos, percebemos que a situação em que se encontram não são melhores ou piores que as nossas: há um desinteresse do sócio em colaborar com a instituição; a diretoria é voluntária e composta por abnegados; dificuldades financeiras por não haver uma renda fixa e falta de interesse público e das instituições governamentais pela manutenção do patrimônio histórico dos seus estados e municípios; publicação de uma revista, muitas vezes de forma irregular, algumas delas
assumiram o caráter de revistas científicas voltadas para as áreas afins de cada instituto; e a tentativa de dispor de uma agenda de eventos como palestras e seminários sobre temas afins. Também foram colhidas informações sobre estrutura, as fontes de renda de alguns institutos e alguns exemplos de iniciativas que pode ser úteis para serem desenvolvidas na nossa instituição:
- A maioria dos institutos conta com apenas 40 cadeiras, seguindo o modelo francês; o Instituto do Maranhão mantem 50 cadeiras, os honorários só passam a esta categoria após 30 anos de casa; as colaborações financeiras são mensais e no valor de R$ 100,00 (cem reais), o índice de inadimplência é de 15%; - O Instituto da Bahia conta com financiamento do fundo de cultura do Estado no valor de R$ 700.000 mil por semestre, a contrapartida é a realização de palestras e seminários e publicações de livros e periódicos; o que lhe permite a manutenção do prédio e do acervo e a contratação de 16 funcionários; - O instituto de Sergipe recebe uma contribuição anual de R$ 40.000 (quarenta mil reais) do Estado, e R$ 10.000 (dez mil reais) do município. Une na direção “maturidade e juventude”, “tradição e inovação”, incentivando também a associação de sócios mais jovens. A revista tem Qualis e os professores universitários assumiram a missão e promovem um evento chamado “roda de leitura” para apresentar vida e obra de autores sergipanos.
Visita a Fundaj e ao Museu do Homem do Nordeste Nos dias 08 e 09 de março, por iniciativa própria, foi realizada uma visita oficial como representante do IHGRN à Fundação Joaquim Nabuco e ao Museu do Homem do Nordeste, onde fomos recebidos pelos respectivos diretores. O intuito fora não só conhecer a estrutura de funcionamento, os objetivos e ações das duas entidades, mas também realizar um primeiro contato para a celebração de futuras parcerias entre estas instituições nordestinas e o nosso instituto nas áreas de pesquisa e museologia.
Natal/RN, 12 de março de 2018 Gustavo Sobral Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN, representante do IHGRN no VI Congresso Nordestino de Institutos Históricos
ANEXO I VI CONGRESSO NORDESTINO DE INSTITUTOS HISTÓRICOS Recife/PE, 5 a 7 de março de 2018. PAINEL – APRESENTAÇÃO DO IHGRN (TEMPO 20 MINUTOS) Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN Representante: Gustavo Sobral, Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN. SUGESTÕES PARA ABORDAGEM: 1) as celebrações realizadas no bicentenário de 1817, e/ou 2) as ações previstas para os próximos bicentenários (1821-2021 / 1822-2022 / 18242024).
APRESENTAÇÃO Sr. presidente, senhoras e senhores congressistas, Agradeço o convite em nome do IHGRN, parabenizo pelo evento oportuno e cumprimento a todos. Trago por escrito as ponderações do IHGRN a serem apresentadas neste Congresso de Institutos para que nada falte ou exceda, atento ao tempo proposto de 20 minutos. Intitulo a minha fala, “A viagem do elefante”. Começo.
A viagem do elefante
A rua da Conceição compete com a Rua Grande, nos documentos, a ser a primeira da cidade. Estamos em Natal, Rio Grande do Norte, capital, sede do IHGRN. Cidade que nasce e cresce as margens do Potengi, o rio dos comedores de camarão. E como o índio guerreiro e capitão-mor dos índios, Felipe Camarão, somos todos guerreiros, e todos poti, potiguares.
O Rio Grande foi obra portuguesa decidida: ou se povoa ou se perde a capitania. Uma capitania não conquistada por João de Barros e Aires da Cunha, seus donatários, por uma série de infortúnios.
Chega 1599, nasce Natal na Cidade Alta, um platô, protegida, e como escreveu Cascudo: já nasceu cidade. E ali no núcleo primeiro de povoamento, vizinho a antiga matriz, fezse para sempre um edifício séculos e séculos depois.
Construção do seu tempo, três grandes salões para as proporções da época, elevado da rua, com uma charmosa sacada lateral. Em 1906 é concluído, e seria sede da instituição que, embora jovem, era a mais importante do seu tempo. E continua. O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, fundado em 1902. Mas acontece que o tribunal de justiça andava sem sede...
O instituto vinha de sedes provisórios, até casinhas alugadas, e passaria por outras, e uma delas, aquele espaço que dividiu com o tribunal. Contam que hoje, onde figura salão nobre, os desembargadores descansam das sessões em cadeiras de balanço aproveitando o terral nas tardes quentes de verão na Cidade do Sol. Aliás, é de Cascudo a observação válida: em Natal há apenas duas estações. O verão e a do trem.
Então o instituto ficou para lá e para cá só tomando aquele espaço como sede definitiva em 1938. Obra do presidente Aldo Fernandes, filho do presidente Hemetério Fernandes, neto do fundador Manoel Hemetério Raposo de Melo, pernambucano, que era meu tetravô, de maneira que gerações e gerações da família zelam por aquela casa.
Assim, o instituto seguiu a sua história na guarda da documentação do período colonial, imperial e republicano, montando uma biblioteca notável, conservando um museu de relíquias, como a estola do revolucionário de 1817, Miguelinho; a primeira urna eleitoral, o cofre da intendência e tudo mais, e toda uma história que se escreve nas atas e nas edições de sua revista. Abro aspas: “O IHGRN possui documentos originais com uma quantidade de grandeza fora do comum”, professor José Luiz da Mota Menezes. Fecho aspas.
Mas acontece que, a casa da memória do Rio Grande do Norte, este grande elefante que está nos mapas, o tempo foi maltratando. O descaso, o desinteresse do poder público, a falta de verba, de funcionários especializados e a deterioração do edifício exigiam uma tomada de providência. Uma salvação. Então foi preciso uma obra, refazer a fiação, recuperar o piso. Mas eis que a obra é embargada e o instituto fica a ver navios.
Todo o acervo teve que ser retirado às pressas. O mobiliário, os documentos, os livros, e na urgência e sem a condição adequada de mudança. Estava fadado a perecer no sótão do edifício anexo. Espalhado pelas salas, pelos cantos, até que a lentidão e morosidade do judiciário fizesse a justiça. Tardava, tardava, o acervo se perdia. O prejuízo material irrecuperável, as pesquisas interrompidas, o elefante pairava órfão de sua casa da memória.
Até que tudo se tornou passado. Um acordo judicial colocou a engrenagem dos reparos necessários em andamento, voltamos a publicar a nossa revista, tratamos da digitalização do nosso acervo, rearrumamos o museu, reabrimos para visitação e preparamos a longa viagem da biblioteca do elefante e do arquivo a ser instalado nas modernas estantes deslizantes. Começamos uma nova história. Precisávamos começar um novo instituto, 115 anos depois.
Fiando-se no ideário dos fundadores, procedemos com novos estatutos, criamos cadeiras, firmamos um calendário cultural para palestras e exposições, chegamos às redes sociais e fundamos um site. Caminhamos.
E estamos dispostos a fazer mais. Num Estado pequeno, pobre, o instituto assume o papel não só de guardião da história e da memória do elefante, mas é responsável pelo fomento da sua cultura. Assim, há também a busca pela interiorização, pela presença dos municípios no instituto. Agosto passado (2017), trouxemos para à tarde no nosso largo, a cultura popular, o folclore do município de Ceará-Mirim, evento que ficou registrado como #Ocupação.
Buscamos estar no dia-a-dia do Rio Grande do Norte, pregando as tradições, guardando as suas relíquias, preservando a sua memória, mas também buscamos estar atentos ao presente, as novas concepções museológicas, ao papel da revista como um canal de conhecimento também para o leigo, a firmar-se como um ator social, ampliando o nosso papel. Os jornais da capital, a par da apatia cultural em que o Estado se encontra, tem reportado o nosso sopro de ação e esperança.
Quanto a 1817, Registramos a ausência de profundidade de estudos da história da revolução no interior do RN. Agostinho Pinto de Queiroz, por exemplo, meu ancestral, avô da avó da minha avó, revolucionário de 1817, foi preso e enviado para a Bahia até ser anistiado por Pedro I em 1821. A sua história e de outros jaz esquecida ainda 200 anos depois... Quanto a Tavares de Lira, citado na conferência do professor Chacon, acrescento que é a primeira do RN (1921); e a de Cascudo, também referendada, é de 1955, e é ele quem escreve alguma coisa já mais para além dos acontecimentos na capital.
Registro ainda que a norte-rio-grandense Izabel Gondim conta tin tin por tin tin o movimento em Natal, porque conheceu testemunhas. Aliás, professora e historiadora era sócia correspondente do IAHGP, admitida em 1883; e a primeira mulher sócia do IHGRN em 1929.
Portanto, participamos e celebramos a Revolução de 1817, sim; reeditamos uma edição especial da nossa revista, aquela comemorativa dos cem anos da revolução (1917), promovemos uma sessão solene em celebração. Foi o que alcançamos em meio a todo este processo narrado de reconstrução que vivemos. Saímos do nada, 115 anos depois, para propor um novo instituto para os próximos 115 anos.
E viemos aqui ouvir, porque combalidos com cada moinho de vento do dia-a-dia, não nos sobrou ainda tempo para pensar 2021, 2022 e 2024. Por isso viemos ouvir, ouvir para aprender, ouvir para levar as ideias e os pensamentos de cada um dos institutos. E procurando conhecer a cada um, começamos antecipadamente a enviar um pequeno questionário para mapeamento de nossas instituições estaduais. Creio que todos já devam ter recebido e já estamos obtendo respostas e aguardando respostas.
Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná: muito obrigado! Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba e Pernambuco, já fizemos o primeiro contato e estamos aguardando! Piauí e Sergipe, por favor, precisamos dos seus contatos! E precisamos dos contatos, quem os tiver, nos passe, dos institutos de Amazonas, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rondônia.
É ao pensar juntos onde estamos, para onde vamos, e o nosso papel institucional num país de inúmeras carências que, face a todos os descasos, problemas, dificuldades, podemos
nos erguer pela criatividade, pelo empenho, e mais que isso, pela esperança e perseverança.
Resgatando o exemplo dos grandes nomes, cito dois dos meus maiores conterrâneos, sem prejuízo para os demais, Rodolfo Garcia, meu patrono no instituto, sobre o qual atualmente escrevo um trabalho; e Luís da Câmara Cascudo, que certa vez disse:
“Qual o segredo de trabalhar sempre e não desanimar? É simples. Consiste em não esperar estímulo, em não aguardar recompensa, em não pensar que está sendo admirado e compreendido. Trabalhar pela própria alegria do trabalho, sem interesse, sem orgulho, sem imediatismo. Confiar na justiça infalível que o Futuro trará aos que perseveram numa estrada limpa de egoísmos e livre de vaidade esterilizadora”.
Assim, conclamo a todos a responder ao questionário, a colaborar com a nossa pesquisa, que será divulgada, e convidamos a todos, de braços abertos, acolhida potiguar, a visitar o pequeno grande elefante, o nosso Rio Grande do Norte, a conhecer a casa da memória. E, assim, encerro essa longa viagem do elefante a procura de um futuro que hoje aqui encontro.
Recife/PE, 06 de março de 2018 Gustavo Sobral Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN, representante do IHGRN no VI Congresso Nordestino de Institutos Históricos
ANEXO II CARTA ABERTA
Os Institutos Históricos do Nordeste reunidos no VI Congresso de Institutos Históricos do Nordeste, em Recife, nos dias 05,06 e 07 de março de 2018, alusivo às comemorações do bicentenário da Revolução de 1817, resolvem: 1.Escrever uma carta de intenções conjunta a ser enviada a seus representantes no Congresso Nacional para que reconheçam as instituições institutos históricos de utilidade pública federal por prestarem um serviço ao Brasil de guarda do seu patrimônio museológico, arquivístico, documental e bibliográfico e prestarem um serviço à nação de coligir, arquivar e ofertar a pesquisadores, estudiosos, intelectuais e estudantes, a história dos Estados brasileiros, trabalho a custo de suas expensas; 2. E solicitam a fomentação de políticas públicas federais voltadas para a manutenção e promoção destes espaços de estudo da arqueologia, história, geografia, genealogia e temas afins; 3. E a destinação de recursos de forma perene e regular para que possam dispor de assessorias e contração de profissionais especializados para os seus quadros como bibliotecários, arquivistas, museólogos, restauradores, educadores, entre outros, para a conservação e manutenção dos seus acervos e promoção de atividades educacionais voltadas para a formação intelectual do povo brasileiro; 4. E que reconheça os relevantes serviços que estas instituições prestaram e prestam ao Brasil e o trabalho abnegado e voluntário dos seus dirigentes e sócios, exemplo para todo o país; Assim concordam, após neste encontro, em que expuseram a realidade de cada instituto, seus dilemas e problemas, os institutos do Nordeste abaixo-assinados. Eu, Gustavo Sobral, representante do IHGRN, redijo este texto que propomos, e eu, George Cabral, presidente do IAHGP, ponho em termo e encaminho aos institutos do Nordeste para anuência, remessa e ampla divulgação.
Recife/PE, 07 de março de 2018 Institutos de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Alagoas, Sergipe, Piauí e Espírito Santo
12/03/2018
O IHGRN FOI MUITO BEM REPRESENTADO. (A viagem do elefante)
A viagem do elefante
12/03/2018
A rua da Conceição compete com a Rua Grande, nos documentos, a ser a
primeira da cidade. Estamos em Natal, Rio Grande do Norte, capital, sede
do IHGRN. Cidade que nasce e cresce as margens do Potengi, o rio dos
comedores de camarão. E como o índio guerreiro e capitão-mor dos índios,
Felipe Camarão, somos todos guerreiros, e todos poti, potiguares.
O Rio Grande foi obra portuguesa decidida: ou se povoa ou se perde a
capitania. Uma capitania não conquistada por João de Barros e Aires da
Cunha, seus donatários, por uma série de infortúnios.
Chega 1599, nasce Natal na Cidade Alta, um platô, protegida, e como
escreveu Cascudo: já nasceu cidade. E ali no núcleo primeiro de
povoamento, vizinho a antiga matriz, fez-se para sempre um edifício
séculos e séculos depois.
Construção do seu tempo, três grandes salões para as proporções da
época, elevado da rua, com uma charmosa sacada lateral. Em 1906 é
concluído, e seria sede da instituição que, embora jovem, era a mais
importante do seu tempo. E continua. O Instituto Histórico e Geográfico
do Rio Grande do Norte, fundado em 1902. Mas acontece que o tribunal de
justiça andava sem sede...
O instituto vinha de sedes provisórios, até casinhas alugadas, e
passaria por outras, e uma delas, aquele espaço que dividiu com o
tribunal. Contam que hoje, onde figura salão nobre, os desembargadores
descansam das sessões em cadeiras de balanço aproveitando o terral nas
tardes quentes de verão na Cidade do Sol. Aliás, é de Cascudo a
observação válida: em Natal há apenas duas estações. O verão e a do
trem.
Então o instituto ficou para lá e para cá só tomando aquele espaço
como sede definitiva em 1938. Obra do presidente Aldo Fernandes, filho
do presidente Hemetério Fernandes, neto do fundador Manoel Hemetério
Raposo de Melo, pernambucano, que era meu tetravô, de maneira que
gerações e gerações da família zelam por aquela casa.
Assim, o instituto seguiu a sua história na guarda da documentação do
período colonial, imperial e republicano, montando uma biblioteca
notável, conservando um museu de relíquias, como a estola do
revolucionário de 1817, Miguelinho; a primeira urna eleitoral, o cofre
da intendência e tudo mais, e toda uma história que se escreve nas atas e
nas edições de sua revista. Abro aspas: “O IHGRN possui documentos
originais com uma quantidade de grandeza fora do comum”, professor José
Luiz da Mota Menezes. Fecho aspas.
Mas acontece que, a casa da memória do Rio Grande do Norte, este
grande elefante que está nos mapas, o tempo foi maltratando. O descaso, o
desinteresse do poder público, a falta de verba, de funcionários
especializados e a deterioração do edifício exigiam uma tomada de
providência. Uma salvação. Então foi preciso uma obra, refazer a fiação,
recuperar o piso. Mas eis que a obra é embargada e o instituto fica a
ver navios.
Todo o acervo teve que ser retirado às pressas. O mobiliário, os
documentos, os livros, e na urgência e sem a condição adequada de
mudança. Estava fadado a perecer no sótão do edifício anexo. Espalhado
pelas salas, pelos cantos, até que a lentidão e morosidade do judiciário
fizesse a justiça. Tardava, tardava, o acervo se perdia. O prejuízo
material irrecuperável, as pesquisas interrompidas, o elefante pairava
órfão de sua casa da memória.
Até que tudo se tornou passado. Um acordo judicial colocou a
engrenagem dos reparos necessários em andamento, voltamos a publicar a
nossa revista, tratamos da digitalização do nosso acervo, rearrumamos o
museu, reabrimos para visitação e preparamos a longa viagem da
biblioteca do elefante e do arquivo a ser instalado nas modernas
estantes deslizantes. Começamos uma nova história. Precisávamos começar
um novo instituto, 115 anos depois.
Fiando-se no ideário dos fundadores, procedemos com novos estatutos,
criamos cadeiras, firmamos um calendário cultural para palestras e
exposições, chegamos às redes sociais e fundamos um site. Caminhamos.
E estamos dispostos a fazer mais. Num Estado pequeno, pobre, o
instituto assume o papel não só de guardião da história e da memória do
elefante, mas é responsável pelo fomento da sua cultura. Assim, há
também a busca pela interiorização, pela presença dos municípios no
instituto. Agosto passado (2017), trouxemos para à tarde no nosso largo,
a cultura popular, o folclore do município de Ceará-Mirim, evento que
ficou registrado como #Ocupação.
Buscamos estar no dia-a-dia do Rio Grande do Norte, pregando as
tradições, guardando as suas relíquias, preservando a sua memória, mas
também buscamos estar atentos ao presente, as novas concepções
museológicas, ao papel da revista como um canal de conhecimento também
para o leigo, a firmar-se como um ator social, ampliando o nosso papel.
Os jornais da capital, a par da apatia cultural em que o Estado se
encontra, tem reportado o nosso sopro de ação e esperança.
Quanto a 1817, Registramos a ausência de profundidade de estudos da
história da revolução no interior do RN. Agostinho Pinto de Queiroz, por
exemplo, meu ancestral, avô da avó da minha avó, revolucionário de
1817, foi preso e enviado para a Bahia até ser anistiado por Pedro I em
1821. A sua história e de outros jaz esquecida ainda 200 anos depois...
Quanto a Tavares de Lira, citado na conferência do professor Chacon,
acrescento que é a primeira do RN (1921); e a de Cascudo, também
referendada, é de 1955, e é ele quem escreve alguma coisa já mais para
além dos acontecimentos na capital.
Registro ainda que a norte-rio-grandense Izabel Gondim conta tin tin
por tin tin o movimento em Natal, porque conheceu testemunhas. Aliás,
professora e historiadora era sócia correspondente do IAHGP, admitida em
1883; e a primeira mulher sócia do IHGRN em 1929.
Portanto, participamos e celebramos a Revolução de 1817, sim;
reeditamos uma edição especial da nossa revista, aquela comemorativa dos
cem anos da revolução (1917), promovemos uma sessão solene em
celebração. Foi o que alcançamos em meio a todo este processo narrado de
reconstrução que vivemos. Saímos do nada, 115 anos depois, para propor
um novo instituto para os próximos 115 anos.
E viemos aqui ouvir, porque combalidos com cada moinho de vento do
dia-a-dia, não nos sobrou ainda tempo para pensar 2021, 2022 e 2024. Por
isso viemos ouvir, ouvir para aprender, ouvir para levar as ideias e os
pensamentos de cada um dos institutos. E procurando conhecer a cada um,
começamos antecipadamente a enviar um pequeno questionário para
mapeamento de nossas instituições estaduais. Creio que todos já devam
ter recebido e já estamos obtendo respostas e aguardando respostas.
Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná: muito obrigado! Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba e Pernambuco, já fizemos o primeiro contato e estamos aguardando! Piauí e Sergipe,
por favor, precisamos dos seus contatos! E precisamos dos contatos,
quem os tiver, nos passe, dos institutos de Amazonas, Mato Grosso, Rio
de Janeiro e Rondônia.
É ao pensar juntos onde estamos, para onde vamos, e o nosso papel
institucional num país de inúmeras carências que, face a todos os
descasos, problemas, dificuldades, podemos nos erguer pela criatividade,
pelo empenho, e mais que isso, pela esperança e perseverança.
Resgatando o exemplo dos grandes nomes, cito dois dos meus maiores
conterrâneos, sem prejuízo para os demais, Rodolfo Garcia, meu patrono
no instituto, sobre o qual atualmente escrevo um trabalho; e Luís da
Câmara Cascudo, que certa vez disse:
“Qual o segredo de trabalhar sempre e não desanimar? É simples.
Consiste em não esperar estímulo, em não aguardar recompensa, em não
pensar que está sendo admirado e compreendido. Trabalhar pela própria
alegria do trabalho, sem interesse, sem orgulho, sem imediatismo.
Confiar na justiça infalível que o Futuro trará aos que perseveram numa
estrada limpa de egoísmos e livre de vaidade esterilizadora”.
Assim, conclamo a todos a responder ao questionário, a colaborar com a
nossa pesquisa, que será divulgada, e convidamos a todos, de braços
abertos, acolhida potiguar, a visitar o pequeno grande elefante, o nosso
Rio Grande do Norte, a conhecer a casa da memória. E, assim, encerro
essa longa viagem do elefante a procura de um futuro que hoje aqui
encontro.
Recife/PE, 06 de março de 2018
Gustavo Sobral
Diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do IHGRN, representante do IHGRN no VI Congresso Nordestino de Institutos Históricos
11/03/2018
O
presidente do Instituto Histórico do Maranhão publicou um artigo
interessante sobre Jerônimo de Albuquerque no blog do instituto deles.
Acredito que seria interessante não só enquanto conteúdo aos nossos
leitores, como também para intercambiar conhecimento entre os
institutos, reproduzi-lo no nosso blog.
Segue o link:
Um abraço,
Gustavo Sobral
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08/03/2018
DIA INTERNACIONAL DA MULHER (HOJE)
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RN IHGRN <ihgrn.comunicacao2017@gmail.com>
Caro sócio,
Na próxima quinta-feira - dia 08 (oito) de março - dia dedicado à mulher, haverá uma palestra ministrada pela escritora e poeta DIVA CUNHA, que ocorrerá no Salão Nobre do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, às 18 (dezoito) horas.
Por oportuno informamos que o local, atualmente, está protegido por duplas de policiais, que guarnecem a segurança da Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça e Palácio da Cultura.
Aguardamos a sua presença
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
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