22/03/2018

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RN IHGRN <ihgrn.comunicacao2017@gmail.com>


Caro sócio,

A nossa diretoria de Arquivo, Biblioteca e Museu juntamente com o LABIM/UFRN vem providenciando a digitalização de material do nosso acervo para acesso do sócio e dos usuários do biblioteca e do arquivo. Além disso, procura junta a Biblioteca Central Zila Mamede BCZM/UFRN a disponibilização no site da instituição de link de acesso aos jornais do Rio Grande do Norte já digitalizados.

Buscando melhor servir ao nosso sócio repassamos os links dos nosso repositório e do repositório da BCZM para aqueles que porventura tenham interesse em conhecer ou pesquisar neste tipo de material. Para acessar o conteúdo segue o link: http://www.bczm.ufrn.br/jornais/ 

Já o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN em parceria com o LABIM/UFRN já disponibiliza alguns documentos, livros e números da Revista do IHGRN para pesquisa e consulta também online. Conheça o nosso repositório: http://www.ihgrn.org.br/repositorio

Não deixem de acompanhar as nossas atividades nas redes sociais facebook e instagram, de participar dos nossos eventos, afinal, somos todos nós que fazemos a Casa da Memória que anda sentindo falta dos seus sócios curtindo, compartilhando, comentando e presente nas nossa programação cultural

Fiquem atentos!
E boa semana.

21/03/2018


   
Marcelo Alves

 

As livrarias de Oxbridge

“Oxbridge” é uma palavra amálgama que serve para designar conjuntamente as cidades e, mais especificamente, as universidades de Oxford e Cambridge. Pertinho de Londres, menos de uma hora de trem, essas duas cidades universitárias são belíssimas e, assim, indicadas tanto para o estudo sério como para o mero turismo diletante. Eu mesmo, antes de fazer doutorado no King's College London, mais de uma vez prestei exames (o IELTS e o ILEC, se não estou enganado) e estudei em Oxford e em Cambridge. Direito no Corpus Christi College da Universidade de Oxford (lembro-me bem) e língua inglesa em mais de uma das muitas escolinhas de línguas que essas duas cidades oferecem. Para quem for ao Reino Unido a passeio, enfaticamente recomendo dar um pulo nelas. Se não nas duas, numa ou noutra (e desde já adianto que tanto faz qual delas). 

Sobre “Oxbridge”, aliás, eu já escrevi aqui algumas vezes, como, por exemplo, em “Oxford e Cambridge: as grandes rivais (I) e (II)”. 

Entretanto, não me recordo de haver tratado das livrarias e sebos dessas duas cidades, tipos de comércios que, em razão da natural demanda de seus milhares de estudantes e professores, ali são achados, tanto grandes como pequenos, em abundância. 

Faço agora, selecionando, na profusão das dezenas de comércios de livros novos e usados existentes, os quatro – dois em Cambridge e dois em Oxford – que, por motivos diversos, mais me encantaram, tanto que ainda guardo, na algibeira da memória, as boas horas ali passadas. 

Começo pela “Heffer's Bookshop”, que pode ser considerada “a livraria” de Cambridge. Mais que centenária, fundada em 1876 e administrada pela própria família Heffer até a década de 1990, ela foi adquirida e é hoje gerida pela rede de livrarias “Blackwell’s”. Muito bem localizada, no número 20 da Trinity Street, é uma livraria gigante, a maior de Cambridge, que, para além de livros, vende de quase tudo em se tratando de produtos relacionados a leitura e à vida acadêmica da cidade. O seu acervo é “especializado” em tudo, “de arqueologia a zoologia”, para atender aos professores e estudantes da Universidade e, de quebra, aos turistas/pesquisadores de ocasião. Se livros acadêmicos não faltam, a Heffer's também se gaba do seu acervo mais diletante, a exemplo das seções de ficção, em especial a da ficção policial, que ela afirma ser a maior no Reino Unido. Quanto a mim, e olhem que já faz algum tempo que estive lá, ainda recordo as tardes passadas na seção de livros de segunda mão, garimpando exemplares bem conversados e com preço bastante em conta. Adoro promoção. 

Mas se tem uma livraria em Cambridge que me traz as melhores recordações, essa é a “Cambridge University Press Bookshop”, que fica no número 1 da Trinity Street. Não é uma livraria grande. Pelo contrário, são dois andares de um prédio até modesto. O seu acervo, entretanto, que gira em torno das publicações da Cambridge University Press, é, por esse motivo, especial. Livros técnicos de todos os ramos do saber ali são encontrados em abundância. Isso inclui direito e filosofia, ou a mistura deles, que é a minha preferência. A loja atual data de 1992. Em 2009, foi inaugurada uma extensão especializada no aprendizado da língua inglesa. Embora essas instalações sejam recentes, elas estão exatamente no local/região onde historicamente – e ponha alguns séculos nisso – o comércio de livros era realizado em Cambridge. Por sinal, turisticamente falando, a localização é fantástica, mesmo na praça central que dá para a fachada leste do King's College da Universidade de Cambridge. Tenho guardada na memória a visita que lá fizemos, a família toda, no comecinho do meu doutorado. E até hoje uso as sacolas de pano, com a logomarca da livraria, que compramos, num tempo, tão gostoso, em que ainda viajava com os meus pais. 

Já em Oxford, a primeira livraria que tenho para sugerir é a “Oxfam Bookshop”, localizada no número 56 da St. Giles Street. Para quem não sabe, a Oxfam (por extenso: “Oxford Committee for Famine Relief”), como organização não governamental, foi fundada em 1942. Hoje é famosíssima para muito além do Reino Unido, estando oficialmente presente, através da “Oxfam International Confederation”, em ao menos vinte países, incluindo o Brasil. Indo à Terra da Rainha (a Londres, especialmente), é quase certo topar com uma das lojas da Oxfam, quase sempre misto de livraria, sebo e brechó. A Oxfam Bookshop aqui sugerida é a livraria original dessa badalada organização, em funcionamento há mais de trinta anos, e essa rica história já basta para ela merecer a nossa visita. De toda sorte, o seu acervo também é muito bom, indo de obras de ficção e outras “diletantices” a livros acadêmicos, para atender às necessidades do ambiente estudantil da cidade. Esse acervo, pela própria dinâmica do comércio de livros usados, muda frequentemente, o que é bom. E o preço é bastante em conta, o que é ainda melhor. 

Por derradeiro, ainda em Oxford, vai aquela que é considerada por muitos “a melhor livraria do mundo” (com o que tendo a concordar): a “Blackwell’s Bookshop”. Falo da loja gigantesca que fica nos números 48-50 da Broad Street, bem pertinho de algumas das melhores atrações turísticas de Oxford, como a “Bodleian Library”, a “Radcliffe Camera”, o “Sheldonian Theatre” e a “Bridge of Sighs”. Na verdade, inaugurada em 1879 (por um tal Benjamin Blackwell), com seus alegados mais de 250 mil livros, a Blackwell’s é, por si só, uma atração turística nesta cidade onde o cotidiano se confunde com o ensino e o aprendizado. Excetuando as coleções especializadas (que ficam em outras lojas da rede Blackwell’s na cidade), em termos de livros, ali se acha de tudo, tudo mesmo, para fins acadêmicos (no que é imbatível no Reino Unido) ou não. O ambiente colorido, para quem gosta da coisa, é de tirar o fôlego, sobretudo a enorme “Norrington Room”, a sala subterrânea que, com seus cinco quilômetros de estantes, em mais de um nível, é considerada, pelo “Guinness Book of Records”, o maior espaço contínuo e permanente para venda de livros do mundo. Para mim, quando penso em uma livraria descomunal, que contenha de tudo, numa paródia imperfeita da Biblioteca de Borges (1899-1986), é a Blackwell’s de Oxford, mais do que qualquer outra, que me vem à cabeça. 

Bom, caro leitor, em “Oxbridge”, recomendo que você visite essas quatro livrarias. Se possível com a família toda, como eu fiz um dia, num tempo em que ainda viajava com os meus pais. 


Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

C O M U N I C A D O




INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RN IHGRN <ihgrn.comunicacao2017@gmail.com>


Caro associados:

Infelizmente comunicamos que a palestra "A HISTÓRIA DO VIOLÃO", que seria ministrada pelo professor e pesquisador Cláudio Galvão, com solos do professor Eugênio Lima, não ocorrerá amanhã, em razão de problemas de saúde do nosso palestrante.
Oportunamente comunicaremos a data em que será realizada.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

ANRL REALIZA SESSÃO ESPECIAL EM HOMENAGEM A SANDERSON NEGREIROS






Ontem, dia 20, na sala do Conselho de Cultura, a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras realizou uma Sessão Especial para louvar o Imortal SANDERSON NEGREIROS.
O evento foi presidido por Diogenes da Cunha Lima e secretariado por Iaperi Araújo, tendo como orador oficial o Acadêmico Armando Negreiros, primo do saudoso colega, que traçou com fidelidade e emoção a figura do fundador da cadeira 40.
Estiveram presentes vários Acadêmicos e familiares do homenageado, os quais prestaram interessantes depoimentos, complementando outros oferecidos pelos Acadêmicos Diogenes, Eulália Barros e Paulo Macedo. O IHGRN esteve representado pelos Acadêmicos Carlos Gomes e Lívio Oliveira.
Foi um fim de tarde-noite de muitas emoções.
Ao final foi declarada vaga a cadeira 40 e abertas as inscrições para o seu preenchimento no prazo de 60 dias.
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Sanderson Negreiros


FLAGRANTES DO EVENTO:

















19/03/2018

CASA DESENHADA NA FLORESTA


Casa na floresta

18/03/2018



Casa Thiago de Mello, projeto de Lúcio Costa


Barreirinha/AM. 331 km de Manaus. 1978. Thiago de Mello volta do exílio para a sua cidade, depositada num dos afluentes do rio Amazonas. Obra acompanhada por Severiano Porto, com trabalho de pedreiros locais. Uma residência para um poeta. Estrutura de madeira, construção de taipa e cobertura de palha, foi a proposta de Lúcio, o amigo arquiteto. Lúcio Costa, o projetista da cidade de Brasília, o amigo de Niemeyer, o defensor e estudioso do patrimônio histórico brasileiro.

A casa, Lúcio fez um cubo, e Thiago, o poeta, empreiteiro e mestre de obras e sua equipe de trabalhadores locais construíram em tijolo, telha e tela como janela. É que tem muito mosquito. Sobre pilotis de 2,25 metros que a cheia do rio cobre metade. A casa toma banho em parte do ano. Sua janela é o verde da mata, o sol que entra pelas folhas, as nuvens que passam lá longe, uma trilha de canto de pássaros. Lúcio nunca esteve em Barreirinha. Mas desenhou a casa com tudo que era preciso, como o poeta lhe contou.

Pensou numa casa agradável para o clima quente, e assim a casa é bem arejada e com cento e vinte metros quadrados. No térreo, sala, lavabo, cozinha e quarto de hóspedes. No segundo pavimento, quarto, banheiro e escritório com vista para a paisagem. A casa é um cubo bem orquestrado, síntese de um arquiteto que desenhara toda uma vida, e o poeta dele disse que, além de inventor de cidades, desenhou a casa como uma rosa, talvez uma azaleia que flutua nos rios e igarapés.


Só acessível de barco. Ao lado, foram feitos, também encomendados a Lúcio, uma biblioteca e outro espaço para trabalho. Tudo com status construído, sempre na antevisão do sonho e aquecido pelo calor da emoção, quando o poeta, terminada a casa, escreveu o poema Canção para Lúcio Costa –, ao erguer a cumeeira da casa, o poeta só pode chorar, era orgulho de sentir e saber a casa própria realizada, orgulho de ser capaz, ele mesmo, um poeta, de construir o próprio refúgio.
________
Por: 



Necrológio do Imortal Sanderson Negreiros - cadeira 40
Saudação: Acadêmico Armando Negreiros.
Dia 20 de março: (17h30) (terça-feira)
Na Sala do Conselho Estadual de Cultura.


Sanderson Negreiros


Acadêmica  Leide Câmara
Secretária Geral
e-mail: academianrl@gmail.com
e-mail: leide.camara@live.com

17/03/2018

HOMENAGEM DO IHGRN NO CENTENÁRIO DE DOM NIVALDO MONTE


CENTENARIO DE DOM NIVALDO MONTE

Senhores e Senhoras:

Nas vestes da formalidade, aqui represento o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, do qual o homem erudito, Dom Nivaldo Monte, era sócio efetivo. Aqui deveria estar o seu presidente, Ormuz Barbalho Simonetti, impossibilitado de comparecer em consequência de uma cirurgia de catarata. Disse-me que seu compromisso com o passado preserva a lembrança de Dom Nivaldo em sua terra, onde, na condição de vigário de Goianinha, celebrou o matrimônio de seus pais, Arnaldo e Cirene Barbalho Simonetti.
Nas vestes da amizade e da admiração, quase devoção, aqui estou eu, discípulo de um grande mestre. Dom Nivaldo foi meu professor no Seminário de São Pedro. Observava-nos a todos, com os olhos de uma paternal psicologia. Gostava de ver nossas disputas futebolísticas. Sempre de bom humor, motivava-nos a imprimir qualidade em tudo o que fazíamos.
No decorrer dos anos, quando a maturidade nos acolhe, mais frequentes tornaram-se nossos encontros, seja no Serviço de Assistência Rural, então sob a batuta de Dom Eugênio Sales, seja em solenidades especiais, quando sua palavra imprimia o selo de qualidade ao evento. Lembro-me bem da força de sua palavra, temperada de lirismo. Não era assim, pelo encanto da palavra, e da verdade que transmitia, que o próprio Jesus revelou-se ao mundo?
Ah! Dom Nivaldo Monte, quanto bem foi plantado! Quantos frutos colhidos!
Certo dia, em visita ao Sítio onde eu morava, em Monte Alegre, Dom Nivaldo chegou ao meu escritório de trabalho e me indagou, diante de algumas estantes repletas de livros: Assis, você lê tantos livros e nada escreve? Sob o impacto da pergunta, passei-lhe às mãos alguns artigos e razoável número de poesias. Concentrou-se na leitura de uns poucos textos e me transmitiu a seguinte lição: “Nem todas as árvores são ornamentais. Muitas delas trazem a destinação de alimentar os homens. Por isso, dão fruto. A poesia, a música, a literatura, todas as formas de arte são frutos que alimentam a alma humana. Publique seus poemas. E arrematou: Rasgue o véu de sua timidez!”
Assim nasceu meu primeiro livro, Asas e Voo. No dia do lançamento, no Solar Bela Vista, Dom Nivaldo foi o primeiro a comparecer. Que mais posso dizer?
O espaço da gratidão é infinito. Em sua homenagem, e após sua bela viagem transcendental, compus este soneto em sua homenagem:

DOM NIVALDO MONTE
Sendo a fé um dom de Deus, nele brotou
Muito mais viva do que a Teologia;
E sua palavra de amigo se mostrou
Mais cativante do que a Filosofia.

Nos jardins de Emaús ele ensinou
Que o melhor fertilizante é a alegria;
Fez do trigo e da uva que plantou,
O pão e o vinho de sua eucaristia.

Desprezando a ostentação e a vaidade,
Na enxertia de exemplo e santidade
Recolhe os frutos da admiração.

Com a força da palavra e do sorriso
Demonstrou que só encontra o Paraíso
Quem semeia o amor e a compaixão.
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Texto produzido e lido por Francisco de ASSIS CÂMARA durante a Missa Solene celebrada na Catedral de Natal, dia 15 de março de 2018, por ocasião do CENTENÁRIO DE DOM NIVALDO MONTE.